Sabemos que desde seu surgimento, a web passou por algumas modificações estruturais e funcionais.
Quando a web surgiu nos laboratórios CERN, na Suíça, no começo dos anos 90, seu criador, o engenheiro Tim Berners-Lee imaginava interligar laboratórios de várias partes do mundo, de uma forma simples e rápida. Um grande passo foi dado em 1993, quando surgiu o Mosaic, programa que permitia acessar a web através de uma interface gráfica. Era o início do conceito de "navegar na web". De lá pra cá, a web espalhou-se por todos os setores e tornou-se padrão inquestionável em termos de comunicação digital.
Todavia, a web nasceu sob um conceito unidirecional, o chamado "download". Por esse conceito, até hoje enraizado na cabeça das pessoas, os sites possuem determinados conteúdos que podem ser acessados pelos seus visitantes. Esse conceito, ao ser transportado para a educação, inspirou o surgimento de inúmeros portais, em que o aluno baixa suas apostilas, pega suas notas, obtém seus boletos para pagamento da mensalidade etc. O fluxo é sempre unidirecional, de cima para baixo.
Aí surgiram os blogs. E depois deles, a história da web nunca mais foi a mesma. Com os blogs, os usuários da web passaram a ter um papel mais ativo. Publicar conteúdo na web deixou de ser privilégio de web designers, programadores etc. O blog democratizou a web e todos podiam então postar material na rede. O fluxo tornou-se bidirecional, de cima para baixo e de baixo para cima. Com isso, o "upload" passou a ser tão importante quanto o "download". Pessoas comuns conquistaram o poder de postar comentários em fóruns do Orkut, alterar verbetes da Wikipédia e enviar vídeos para o YouTube, entre outros, dando origem ao movimento que veio a ser chamada de Web 2.0.
Na educação, porém, essa mudança ainda não chegou. A maioria dos projetos de base tecnológica continua a seguir a lógica do "download". O cômico é que, enquanto educadores conservadores discutem como serão as plataformas colaborativas do futuro, os alunos já colaboram entre si em comunidades estruturadas, como a do Zé Moleza, ainda tão mal vistas no segmento.
A educação precisa de pessoas com os olhos no futuro. [...]
João Augusto Mattar Neto é uma dessas pessoas. Um talento raro, que combina uma sólida formação acadêmica, [...], com a visão inovadora de um amante da tecnologia aplicada à educação. [...].
Ao dele, Carlos Valente é outro que esbanja inovação. No tempo em que ninguém sabia o que era Web 2.0, Valente já tinha seu portal pessoal no formato wiki, conceito até hoje incompreendido por muitos. [...] Mas isso nunca lhe causou preocupação, Valente no nome e valente na vontade de inovar.
Assim, o livro que temos em mão é uma fabulosa contribuição para a educação brasileira, e seus autores são exemplos a serem seguidos por todos aqueles que querem viver o futuro, afinal é lá que passaremos o resto de nossas vidas.
(VALENTE, Carlos & MATTAR, João. Second life e web 2.0 na educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias. São Paulo: Novatec, 2007, pp. 14-15)
Aqui temos apenas o prefácio, não imaginam a riqueza de material que esse livro possui. Todos os envolvidos no processo educacional deveriam ter esse livro, pois é fantástico. Realmente não há outra palavra para classificá-lo.